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Os Estados Unidos adicionaram o rinoceronte-branco-do-sul à lista de espécies em risco de extinção, no marco da Lei de Espécies Ameaçadas, para conter a caça desenfreada das populações selvagens da espécie.
O país é um dos pontos de distribuição do tráfico de chifres de rinoceronte para o Sudeste Asiático e abriga o maior número de colecionadores, que os importam ilegalmente como troféus, alerta Teresa Telecky, diretora da Humane Society International.
Entre 2002 e 2012 , os norte-americanos importaram 116 esculturas, 206 peças, 63 chifres inteiros e 688 troféus de caça (incluindo a cabeça e os chifres), segundo o Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos.
Criminosos compram esses troféus e os vendem na China ou no Vietnã, onde os chifres são usados em remédios populares por suas supostas propriedades medicinais, que nunca foram cientificamente comprovadas. Cálices também são esculpidos nos chifres na China e em países do Oriente Médio. O quilo dos chifres de rinoceronte chega a custar 65 mil dólares no mercado negro.
Diante desse cenário, e com o número recorde de animais abatidos, a espécie pode estar condenada à extinção. Quatro espécies de rinoceronte – o javanês, o negro, o indiano e o de Sumatra – já são protegidas pela Lei de Espécies Ameaçadas. O rinoceronte-branco-do-sul é a quinta e última adição à lista (a subespécie do norte foi extinta em 2006).
Apesar do nome, o rinoceronte-branco é cinzento, pesa entre 1.500 e 2.400 quilos e chega a 1,85m de altura. Ainda restam 20.160 indivíduos nas savanas de Botsuana , Namíbia , África do Sul, Suazilândia e Zimbábue.
Durante algum tempo, a espécie foi protegida com sucesso devido a um acordo internacional de combate ao tráfico de animais selvagens, a Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas (CITES). Em 1995 , lobistas da África do Sul conseguiram retirar o rinoceronte-branco-do-sul da lista de espécies “altamente ameaçadas” da CITES, o que permitiu a caça e a exportação limitadas.
Em 2005, a comunidade internacional também retirou da lista os rinocerontes-brancos da Suazilândia. Desde então, um fluxo constante de chifres passou a circular pelo globo. Os números contam uma história sombria. Em 2012, caçadores mataram 668 rinocerontes na África do Sul, contra 13 em 2007. Somente este ano, 618 rinocerontes já foram abatidos no país africano.
“A razão pela qual a caça ilegal de rinocerontes aumentou tanto ao longo dos últimos seis anos, e continua a aumentar, é o avanço da riqueza no Vietnã”, explica Telecky . “Hoje, um número cada vez maior de pessoas pode se dar ao luxo de comprar chifres de rinoceronte”.
Sem testes genéticos detalhados, é difícil dizer se os chifres pertencem ao rinoceronte-branco ou a outras espécies altamente ameaçadas de extinção. Portanto, os traficantes que vendem chifres de outras espécies ameaçadas nos EUA sempre podiam alegar que seu “produto” era originário rinoceronte-branco-do-sul.
Agora, com todos os rinocerontes na lista da Lei de Espécies Ameaçadas, quem tentar vender chifres de qualquer uma das cinco espécies será processado nos Estados Unidos.
Por Gayathri Vaidyanathan